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Perrengue na Itália


Esse era pra ser uma parte do post sobre dicas da Itália, mas os ônibus nos renderam tanto perrengue, que acabou se transformando em um post independente. Se está pretendendo viajar de ônibus por lá, é bom dar uma lida e se precaver de possíveis situações.


Problema 1: Começou um mês antes da viagem, quando comecei a tentar comprar a passagem entre Siena e Roma pelo site da Baltour. O site mostrava uma tarifa promocional de 9 euros, mas era impossível comprar. Eu fazia os 4734 passos, preenchia um milhão de coisas e no final não conseguia pagar. Tirando que se eu tentasse umas 3 vezes, a tarifa passava a aparecer 19 euros, e aí eu tinha que esperar uns 2 dias que voltava para 9 euros. Mandei um e-mail pedindo ajuda para a empresa, eles me responderam super esclarecedoramente: compre em nosso site, se não der, deve ser algum erro do sistema. Nossa, agora ajudou muito! Depois descobri que o erro se dava quando eu colocava minha nacionalidade como estrangeira, então passei a colocar como italiana, aí aceitavam o cartão, mas sempre dava um erro qualquer no final. Depois de umas 30 tentativas (dessa vez sem exagero) consegui comprar, mas por 19 euros, e na hora que a fatura veio, cobraram 22. Mas já estava tão aliviada de ao menos conseguir comprar que deixei pra lá. E aí, veio o e-mail de confirmação de pagamento, mas não veio o bilhete. Depois de mandar uns 3 e-mails, eles me mandaram, mas um só, eram dois. Retornei o e-mail pedindo o outro, eles me mandaram que não estavam entendendo afinal o que eu queria. E enviaram o outro bilhete pro e-mail do meu tio, que foi o único cartão que eu consegui passar. Desorganização total!


Problema 2: Em Florença, fomos a rodoviária local perguntar sobre o ônibus para San Gimignano e depois Siena. No único guichê, perguntamos pro cara que estava lá:

  • Queremos ir pra San Gimignano e depois Siena, quais são os horários amanha?

O cara olhou a gente de cima em baixo, pensou, expulsou a preguiça, tomou coragem e respondeu:

  • Não pode.

  • Não pode? O que não pode?

  • Fazer isso.

  • Mas como faz?

  • Vai pra Siena.

  • Mas e se eu quiser ir pra San Gimignano?

  • Não da.

Como não da? Eu li trezentos blogs de pessoas que fizeram isso. Daí pensei e comentei com meu marido: vai ver essa empresa não faz San Gimignano, vamos tentar achar a que faz. Tinha uma lista enorme de todos os horários de ônibus que saiam dali, tinham vários que constavam San Gimignano como ônibus direto. Olhamos o horário que nos interessava e começamos a procurar o guichê da tal companhia Tiemme. Qual era o guichê? O único que tinha, do mocinho mau humorado. Começamos a rir de ter que encarar ele de novo. Voltamos lá:

  • Mas moço, sabe o que é, é que vimos que tem ônibus pra San Gimignano.

  • Ah, mas então você quer ir pra San Gemignano.

  • Mas num foi isso que eu falei desde o início?

  • Então, compra uma passagem pra San Gimignano.

  • É, é isso. A gente quer uma pra lá, e depois de lá para Siena.

  • Para Siena eu não sei.

  • Ta booom, mas pra lá tem jeito?

  • Tem.

  • A gente quer pras 10h40.

  • Não tem.

  • Acabou?

  • Não tem ônibus.

  • Mas na placa diz que tem.

  • O último é 5h da tarde.

  • Da manhã, amanhã, moço.

  • A tá.


Pausa de uns 2 minutos dele expulsando a preguiça pra começar a emitir o ticket. Olhando de uma lado pro outro com cara de “é serio que eu vou ter que trabalhar?”.


  • Mas moço, esse ticket não tem horário?

  • Não.

  • Mas então é só vir 10h40 e pegar o ônibus?

  • É.

  • 10h40 mesmo, né?

  • Não, amanhã é domingo, sai ás 10h10.


A gente saiu de lá sem saber se ria ou se chorava. E isso era só o início do perrengue. Algo me dizia que estava errado, pois todo blog que eu lia, falava que não tinha ônibus direto e tinha que fazer uma baldeação em Poggbonsi. E tem! Se eu não tivesse lido antes, não sei onde a gente tinha ido parar. Quando fomos pegar o ônibus, eu estava atormentando meu marido com isso, e ele dizendo que eu era doida, se estava direto no bilhete era por que era direto. Fiz ele perguntar um cara da empresa, que respondeu com um simples gesto de cabeça de que não era direto. Quando perguntamos onde trocava, ele falou "você vai ver".


Pegamos o ônibus, e não vimos nada. Eu que já sabia que o ponto de troca era essa tal de Poggbonsi, e quando chegou lá descemos junto com a massa que se perguntava “É aqui que vai pra San Gimignano?”, e todo mundo, “acho que é”. Como meu marido fala italiano fluente (detalhe, esse perrengue todo foi em italiano, imagina se precisasse do inglês), pedi pra ele perguntar ao motorista que não se deu ao trabalho de responder e ignorou total. Hahaha. Gente, o que acontecesse com essa empresa? Acho que os funcionários não devem receber há uns 3 meses no mínimo. Ficamos lá no meio do nada, torcendo pra aparecer alguma coisa. Depois de uns 20 minutos o outro ônibus veio.


Daí você acha que acabou e curtimos a viagem numa boa. Que nada. O perregasso estava por vir.

Como a gente já estava cabreiro com esse negocio de ônibus, e como diz o ditado “mineiro não perde o trem”, chegamos em San Gimignano com uma coisa em mente, temos que decidir primeiro de tudo como sair desse lugar. Tinha uma tabela de horários no ponto. Como a gente já sabia que esse negócio de tabela por lá não vale muito, começamos a perguntar. Nos falaram que o único lugar que vendia as passagens era em uma tabacaria dentro das muralhas. Entramos … suspiros! Ficamos completamente encantados com a cidade, a vontade era começar a fotografar e curtir aquele lugar único. Mas, foco! Vamos resolver a vida que não está fácil e depois a gente aproveita. Na tabacaria, a mulher falou que um dos únicos ônibus da tarde era às 3h30. Compramos, mas queríamos sair de la antes, pra ter tempo de aproveitar Siena antes do ônibus pra Roma. O Sedik que já estava cismado com isso, aproveitou o wi fi da loja e mandou um e-mail pra empresa confirmando os horários. Relaxamos e fomos passear, o que contarei com mais detalhes em outro post mais pra cima!


Quando foi ali pelas 3h acessamos o e-mail de novo e adivinha? A empresa dizia que tinha tido um ônibus as 2, e que o próximo seria 5h40. Heiiin?


Nos recusamos a acreditar e fomos pro ponto pegar o das 3h:30 que a tia da tabacaria jurou que tinha. Mas, cadê o ônibus? Nada dele passar. E se mineiro não perde o trem, ainda não me ensinaram o que fazer quando ele simplesmente não vem. E o ponto cheio de enganados pela tia, esperando o tal ônibus que não existia. E por coincidência, o que a gente descobre depois de tempos, eramos todos brasileiros. Quando foi lá pelas 4h10, nos contentamos de que o e-mail da empresa estava certo. Mas também não podíamos voltar pra cidade e sair do ponto, porque vai que passava um ônibus. A tia da tabacaria só se salvou do linchamento por isso. Abrimos uns vinhos que as brasileiras tinham comprado, ficamos bebendo na pracinha, e o Sedik foi com o marido de uma (um brasileiro completamente maluco) tomar Martini em um bar qualquer. Mas daí, quando são 4h:40, tcharam: o ônibus aparece. Cadê o Sedik e o maluco? A outra mulher não conseguia correr, e daí larguei minhas coisas com ela e perna pra quem tem ladeira acima, cidade murada a fora, olhando de bar em bar, de mesa em mesa, procurando pelos dois. E nada! Voltei, já imaginando, eu perdendo o ônibus pra Siena, consecutivamente o ônibus pra Roma, o que implicava na perda do vôo pra Atenas… o emprego, Afff. Mas ai, o motorista do ônibus disse que ele já estava lá porque era eficiente (e acredite, simpático!), mas o ônibus era só as 17h40 mesmo. Ufaaa!!!.


Fizemos novamente uma baldeação em Poggbonsi e fomos pra Siena. Chegamos lá faltava apenas uma hora, e não deu pra curtir quase nada.

Dai você pensa, puxa, suficiente de perrengue. Nada disso! Teve mais um e adivinha: com ônibus novamente!


Quando chegamos em Roma, compramos o translado de ida e volta pro aeroporto pela empresa Terravision (8 euros os dois trechos).

Tanto eu quanto o Sedik, já tínhamos usado esse mesmo translado, e tinha ocorrido tudo ok. Os ônibus são confortáveis, com wifi, tranquilo. Como o nosso vôo era muito cedo, tínhamos que pegar o primeiro transfer pro aeroporto que era as 4h30 da manhã. Chegamos na estação Termini bem cedo (que é o ponto de partida), e ficamos esperando. Só ia chegando gente, gente, gente… comentei com o Sedik: nossa, tem gente aqui pra uns 3 ônibus. Pois é, exatamente! Quando o ônibus chegou, e a galera viu que era só um (e só transportam pessoas sentadas), olha parecia um bando de desesperado no deserto correndo em direção ao oásis. E quando a gente acha que conseguiu um bom lugar na fila, “só vai embarcar quem tem o cartão amarelo”. Que cartão amarelo??? Só sei que o que eu tinha era laranja. A sorte é que o mocinho falou em italiano, e como quase ninguém falava italiano, o Sedik garantiu uns 10 segundos de vantagem na corrida ao guichê. O negócio era que você tinha o bilhete, mas quando chegava la, precisava pegar um cartão de embarque, o que não foi avisado em lugar nenhum, e eu já havia usado o serviço e não tinha pegado cartão de embarque nenhum. Olha, no que o cara repetiu a informação em inglês, eu fiquei assistindo e imaginando a cena em slow motion. Aquela cara de susto, todo mundo se virando tentando identificar o alvo (leia-se guichê), e mão na cara, cotovelo na costela, pé na frente do outro, 30 pessoas tentando passar na porta ao mesmo tempo.

Resultado, o Sedik conseguiu o cartão azul, pro ônibus 20 minutos depois. Mas umas 30 pessoas ou mais, não conseguiram e tiveram que dividir táxi até o aeroporto de Ciampino (30 euros a corrida). E pior, quando pediram o dinheiro de volta, eles falaram pra enviar um e-mail pra empresa pedindo o reembolso de 4 euros.


Mesmo com os contratempos, indico o transfer que é barato e de qualidade, mas so fique ligado nesse tal cartao de embarque.

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