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Fayoum: um oásis no deserto do Saara

  • Foto do escritor: Michelle Bastos
    Michelle Bastos
  • 9 de mai. de 2016
  • 5 min de leitura

Sempre que pesquisávamos sobre Day Trips a partir do Cairo, uma das primeiras opções era Fayoum, a aproximadamente 90km ao sul. Entretanto, eu nunca dei a mínima confiança, pois em todas as minhas pesquisas figuravam uma cachoeirinha como sendo a principal atração do local. Eu não via graça nenhuma nela, e não valeria a pena horas de viagem do Cairo para ver isso. Fato é, que essa é uma das únicas cachoeiras do Egito inteiro, e para eles é A cachoeira. Só que para nós brasileiros, ela não passa de uma cachoeira de beira de estrada que a gente vê em qualquer viagenzinha. Não impressiona nem um pouquinho.


Maasss, não se deixe levar por ela. Fayoum é muito, mas muito mais do que isso. Fui descrente, na base do “num tô fazendo nada mesmo...”. E quer coisa melhor do que ser surpreendido por um lugar? Nesse caso, eu fiquei mais que surpreendida, embasbacada, atônita... sei lá!

Habitado desde tempos remotos, a mitologia local acredita que seja a região em que José do Egito morou. Fayoum é o nome da cidade que se desenvolveu próximo ao oásis que é formado por dois lagos gigantescos. E esse comentário já foi motivo de piada suficiente na minha casa. Quando falei que o maior deles, o lago Quran tem mais de 40 km de extensão do ponto mais ao norte, até o ponto sul, falaram que eu sou exagerada, que eu confundi metro com km, e piadinhas que não acabam mais. Até hoje não me levaram a sério. Mas é sério! Eu e o Google garantimos que tem. É muito grande, entretanto, a água é salgada.

Como fomos de carro, fizemos nossa primeira parada às margens dele, no tradicional Hotel Helnan Auberge. Nos tempos da monarquia egípcia, caçar patos era um esporte comum, sendo este lago um dos locais mais propícios para a prática do esporte. O próprio rei era praticante da atividade e ia com frequência ao local. Decidiram então, abrir esse hotel para servir a realeza. Anos mais tarde, durante a Segunda Guerra Mundial, Winston Churchill se hospedou no hotel, e também nele, fez uma importante reunião com o rei da Arábia Saudita.

Como os preços para hospedagem no local estavam impraticáveis, paramos para tomar um café (no sofá do Winston Churchill, claro), e conhecer as dependências. Infelizmente, erámos as únicas pessoas no hotel inteiro. A piscina tem uma linda vista para o lago Quran, e seus corredores, móveis e lounges remetem à realeza. O Sedik já ficou hospedado lá, na época que era guia de turismo, e conta que é um dos quartos de hotel mais confortáveis que ele já ficou.


Prosseguimos a viagem até o próximo lago, Wadi El Rayan, o dito cujo da cachoeirinha mixa. Na verdade, é um parque, e tem que pagar para entrar. A partir da entrada da área de reserva, Meu Deuuus! Que lugar maravilhoso. No meio daquela infinidade de areia, deserto a perder de vista, as águas azuis do lago. As formações rochosas do deserto, não acredito que sejam vistas iguais em outros lugares.

Eu estava completamente encantada. Mas temos que entender, que se tem uma coisa que egípcio está farto, é de deserto. Eles ligam mesmo é para água.

Chegamos na parte principal do lago, com diversos restaurantes, aluguel de equipamento para sandboard e passeios de barquinhos. Achei tudo meio estilo farofeiro e de ares praianos já que pode nadar no lago. Apesar da vista ser linda, tinham várias excursões de escolas e era menino jogando areia, o outro comendo o lanchinho que a mãe preparou no melhor padrão frango com farofa versão egípcia, sanduíche de feijão e falafel.

Paramos para tomar um refrigerante e o cara perguntou pra gente se queríamos alugar prancha de sandboard. Mesmo se a gente quisesse, teríamos desistido. Não foi nada encorajador alguém com a cara toda ralada (de sandboard, óbvio), fazer essa pergunta. Ahh... e é lá também que fica a bendita da cachoeira, que para você conseguir tirar uma foto em frente, tem quase que pegar senha. Sendo que é a parte mais sem graça do local, eu hein.

Como todas as informações que eu tinha do lugar era dessa primeira parte, eu não sabia o que esperar do restante. Continuamos para uma parte que eles chamam de montanhas, o Qasr Qaroun. O queixo foi caindo gradativamente e proporcionalmente ao avanço do carro. Não tinha palavras para explicar aquele lugar, exuberante, único e que eu nunca havia visto nem por foto. Veja você mesmo:

O Sedik ficou tão abobalhado que o carro saiu da pista e ele nem viu, quase batemos. O lugar é realmente especial. Descemos e a intenção era só tirar umas fotos de longe. Eis que para um ônibus de escola, e desce a manada correndo em direção ao monte e começa a escalar. Bom, vamos então também, né. Devemos um obrigado àquela criançada, pois se não tivéssemos subidos teríamos perdido e muito. Eu quase morri, parei para descansar umas três vezes, enquanto os pestinhas corriam montanha acima. Ficamos lá em cima uns 20 minutos admirando, e aí vimos várias marcas de fogueira. Depois fomos apurar do que aquilo se tratava, e descobrimos que os passeios de 2 dias do Cairo, fazem um acampamento e dormem ali. Para assistir ao pôr e ao nascer do sol. Gente, imagina que fantástico, eu quero e vou fazer isso na próxima.

A partir dali, podíamos continuar e ir até o Vale das Baleias, que era uma das coisas que eu mais queria fazer. Imagina um local em pleno deserto do Saara que já foi mar há aproximadamente 40 milhões de anos, e possui centenas de fósseis de baleias, o maior deles com 21 metros de comprimento. E para completar, apenas mil turistas visitam o local por ano. É muito ser incrível e exclusivo, gente!


Só que até lá a estrada continuava de areia, e como estava super vazio e eram muitos quilômetros, ficamos com medo do carro atolar e não termos a quem recorrer. Voltaremos em uma próxima com carro 4 x 4.


Na volta vimos uma plaquinha indicando pra Medinet Madi, não entramos. Por que? Por que? Porque não sabíamos do que se tratava. Por que não? Porque só falam da tal da cachoeira e mais nada. São as ruínas de uma cidade faraônica, preservadas. Além de construções romanas feitas posteriormente.


O lugar é espetacular, patrimônio da Unesco, cheio de história para contar, vazio e barato. Tem que ir, e na próxima estou indo de 4x4. Quero fazer tudinho e repetir o que já fiz.

Na volta, passamos na Tunis Village -Vila Tunisiana, no lago Quran. Demos uma voltinha bem rápida, e apesar da grande propaganda feita dela, é uma rua com umas casinhas no estilo e que a intenção mesmo é vender cerâmicas produzidas no local, estilo tunisiano. Voltamos ainda a tempo de almoçar no Cairo (considerando que almoço no Egito é as 17h).


 
 
 

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