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Shit happens


Viajar… ahhhh, o glamour, explorar o desconhecido, as tão merecidas férias, alguns dias sem problemas… ops! Sem problemas? Nem sempre. Shit happens! E aconteceu comigo (várias vezes).


Vida de turista nem sempre é fácil. Aliás, resolver um problema enquanto turista, é sempre muito mais difícil do que no seu país, com todo o conhecimento de campo que você tem. Nem tudo são flores (no meu caso, principalmente, quando tudo é neve). E estar preparado para as adversidades do caminho é fundamental, seja lá qual for o seu nível de espírito aventureiro.


Sem dúvidas, um dos maiores problemas que enfrentei nas viagens, foi quebrar o braço e precisar passar por uma cirurgia nos Estados Unidos, sozinha.


Eu trabalhava em uma estação de esqui em Minnesota, um dos estados mais frios do país. Tínhamos passe livre para esquiar, o que muito facilmente acabou se tornando um vício para os brasileiros que estavam lá, uma vez que a -20C todos os dias, não sobram muitas outras opções de lazer (sem menosprezar a “divertidíssima” opção de pescar nos lagos congelados). Já no último mês, quando eu já estava me achando a “tal” do esqui – pulava rampas, descia rampas black diamond – resolvi (tive a infeliz ideia, na verdade) de aprender snowboard. Pena que as tentativas não passaram de dez minutos. Eu simplesmente não conseguia ficar em pé na giringonça. Com menos de dez minutos meus joelhos já eram duas bolas roxas e a bunda nem se fala. No snowboard, ou se cai pra frente ou pra trás, diferente do ski que é para os lados.


Aí, em uma coisa, que nem se pode chamar de rampa, um levíssimo declive, a criatura cai sentada e coloca o braco no chão pra tirar o impacto da bunda (que já estava dolorida). Ao invés de machucar a bunda, quebra o braço. Inteligência pura. O pior foi que o tombo foi tão mas tãaao bobo, que ninguém estava me dando confiança. Eu quase morrendo de dor sem conseguir levantar e o pessoal achando que eu estava fazendo a dramalhona. Depois de uns 15 minutos que eu estava caída, um amigo que tinha curso de primeiros socorros passou, parou, olhou e gritou: “bando de maluco, essa menina está com o braço quebrado”. Aí fui pro posto de primeiros socorros, e lá tive princípios de desmaio de dor. Me levaram pro hospital.


Obviamente, como intercambista, eu tinha seguro. Mas mesmo assim, achei fantástico. Me receberam e imediatamente fizeram tudo que tinha pra fazer, sem sequer perguntar meu nome. Só depois eles fazem a ficha e tal. Quando a pessoa já está em segurança e atendida.


Olha, eu achei que estava morrendo e não sabia, colocaram aparelho pra monitorar meu coração e tudo. E as enfermeiras te tratam igual filha. Como a dor não melhorava, me deram duas injeções de morfina. Fiquei achando o mundo, ou melhor, o hospital cor de rosa depois delas. Havia uma foto (que perdi em um pc que morreu), eu no hospital cheia de coisas e morrendo de rir: morfina!


Me mandaram pra casa e falaram que no dia seguinte eu tinha que voltar cedo. Achei que era pra engessar. Que nada. Aí veio a bomba, tinha que operar. E colocar pinos. Na minha cabeça eram pinos internos, claro né, doutor? Não, externos. Afff… desabei a chorar. Imaginei ficar com aqueles ferros parecendo uma antena de tv pra fora. E nem foi assim, os meus estavam mais pra uma extensão robótica do braco, rs.


O pior foi voltar no dia seguinte pra operar sozinha. Todos os meus amigos trabalhavam no horário. Um amigo apenas me levou no hospital. Mas quando acordei em compensação estavam todos lá, parecia uma festa dentro do meu cortinadinho.


E lá, eles não te internam, eu nem estava sentindo meu corpo ainda, eles me colocaram de pé mandaram eu trocar de roupa e ir pra casa.


Detalhe: tanta eficiência custa caro, caríssimo. Essa cirurgia custou 20 mil dólares. Paguei 50 dólares e o seguro pagou o resto. O que eu faria se não tivesse seguro? Não faço ideia.


Aí imagina uma pessoa sozinha em outro pais, sem conseguir fazer nada sozinha, tomando remédios fortíssimos (do nivel Michael Jackson), e precisando se virar. Foi perrengue, e tive que cancelar a minha viagem no final, que eu pretendia retornar a NY e ficar uns dias em Miami.

Sem contar que voltar não foi nada fácil. Os EUA no auge da paranóia anti terrosrista, eu com o braço todo enfaixado (porque não podia ficar exposto ao frio, então por cima dos pinos eu tinha que enfaixar), e por baixo uma coisa que parecia um braco biônico. Resultado: alvo certo de suspeita.


Fui eu passar humildemente pelo detector de metais, após avisar sobre os pinos, e simplesmente surgiram dois seguranças que me carregaram pra uma salinha. Uma amiga tentou se aproximar, e mais dois seguranças carregaram ela pra outra salinha. Olha, mesmo mostrando os exames, retirando a faixa, fizeram milhares de perguntas, e pra finalizar, um teste de pólvora, que atrasou o voo em uns 20 minutos. Quando o resultado ficou pronto e eles me liberaram, não me deram tempo de calçar minha bota, meias, nada. E ainda me colocaram a maior pressa pra chegar no avião, porque ele estava só me esperando pra decolar. Imagina eu já sem uma mão, pra carregar mochila, casaco, bota, cinto, etc, correndo pelo aeroporto afora. Entrando no avião com todo mundo me olhando, sendo que já olhavam normalmente por causa do braço.


E pra completar, eu e minha mala sem alça. Agora é engraçado, mas na hora foi trágico. Fui com uma mala e voltei com duas. Mas a mala que eu fui, quebrou duas alcas na ida, e restaram duas. Pra economizar, resolvi voltar com ela assim mesmo, já que ia ter que comprar mais uma de qualquer jeito. Mas a lei de Murphy não esquece de ninguém. Aff… E não perderia uma chance como essa de agir. O que aconteceu? As outras duas alças quebraram no que eu despachava a bagagem. Nessa hora foi inevitável xingar o chinês que me vendeu ela em Lisboa. Aí, imagina, uma mala sem alça, 32 quilos dentro e uma dona “sem braço”. E tinha que pegá-la nas duas conexões, parecia brincadeira. Como eu não tinha nem chance de conseguir essa proeza, quando ela vinha na esteirinha, eu começava a passar a mão boa nela, e a colocar a mão quebrada bem visível. Almas caridosas existem e me ajudaram muito.


Enfim, o seguro de saúde muitas vezes parece desperdício, mas é essencial. Principalmente pra quem vai praticar qualquer esporte de neve que machuca muito. Depois fiquei sabendo que essa fratura que tive é tão comum, que existe uma munhequeira própria para evitar. Entao, fica a dica tambem!

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