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Perrengue e sistema de saúde na Grécia




Um mês antes de me mudar da Grécia, comentei com alguém: Nossa, nem posso comentar a saúde pública grega, nunca precisei. Vaaai… comemora antes da hora. Menos de duas semanas antes de mudar para o Egito, meu marido saiu todo animado para a última participação ilustre na “pelada” do trabalho, mas que pra ele era tão sério quanto final de Copa do Mundo, sem comentar que ele se sentia o Messi da parada.


Como o time nunca completava entre os gregos, já que futebol não é muito popular lá, ele chamou o brasileiro que trabalhava comigo para jogar também. No trabalho ainda comentei com o Fábio, “Nossa, hoje é dia do Sedik chegar estrupiado em casa, num tem um futebol que ele não se escalavra todo”. O dia mais cômico, foi quando ele tinha uma maratona beneficente no domingo, e ele era do time da nossa diretora. Ele torceu o pé no futebol na quinta, não aguentava andar, que dirá correr. E nossa diretora toda animada a ganhar a maratona. Ele foi para tal maratona, resultado, o time dele ficou em último. Hahaha


Eu já estava com o jantar pronto, esperando ele chegar, quando ele me liga. “Deve ser para saber se eu quero Coca – Cola, chocolate…”. Fábio? Porque você ligando do celular do Sedik? Daí ele me conta que aconteceu um incidente. Eu nem liguei e respondi, não te falei que ele ia chegar estrupiado em casa? Só que dessa vez era um pouquinho mais sério, inicialmente acharam que ele deslocou o braço, mas na verdade ele havia quebrado a clavícula. Levaram ele para um hospital que era do outro lado da cidade. Para eu chegar lá àquela hora ou eu levaria quase 2 horas de transporte público ou gastaria uma fortuna de táxi. Me convenceram a esperar em casa.


O hospital era público, mas era referência em ortopedia na Grécia. Então, fiquei tranquila. E considerando que o público lá não é tão público assim, descontam uns 50 euros ou mais do salário para esse “Sistema de saúde”. E detalhe, só se pode usar depois de mais de 6 meses de contribuição.


Quase uma hora depois me dizem que não haviam ficado satisfeitos com o atendimento e estavam levando ele para outro hospital, do lado da minha casa. Fui para lá encontrar com eles. Já era quase meia noite, o hospital completamente lotado, gente para todos os lados, chão, cadeira. Eu entrei, rodei o hospital inteiro procurando eles, nem meu nome perguntaram. Quando o vi tive vontade de chorar, ele estava em pé esperando atendimento, essas horas todas sem receber nenhuuum remédio para dor. Gente, ele quebrou um osso, imagina como doía. O médico não dava atenção nenhuma para a gente, até que a gente barrou ele no meio do corredor, e não deixava ele passar, daí ele olhou o raio x, falou que tinha quebrado, mas era isso mesmo, era só esperar. Mesma coisa que o outro médico disse. Perguntei de remédio para dor, ele falou para comprar um remedinho na farmácia. E acrescentou que precisaria imobilizar, que era para eu fazer isso em casa. Oi? Em casa? Esse é o tipo de coisa topo da lista “não faça isso em casa”. Pelo menos eu acho, ou achava.


Fomos para casa, ele não se aguentava em pé. Para sentar e levantar, eu tinha que sentá-lo e levantá-lo. Não podia estar normal isso de esperar que vai ficar tudo certo. Eu mandei o raio x para alguns amigos médicos e fisioterapeutas no Brasil, e eles eram unânimes em dizer, “eu operaria”. Oh God, mas o que fazer? No dia seguinte partimos para um atendimento particular. Liguei para várias emergências particulares, mas me diziam que era melhor não ir e procurar um ortopedista particular. Comecei a ligar para uma lista imensa, mas nenhum deles atendia porque era sexta-feira. O Sedik chorando de dor. Quando eu liguei para o trigésimo médico mais ou menos, eu já estava tão desesperada que eu acho que ele atendeu por dó. Fomos para o consultório dele, ele disse que realmente na opinião dele não precisaria operar, passou remédios mais fortes e aprovou minha imobilização by google.


Enfim, a opinião dele batia com os demais, entretanto, agora mais de 6 meses depois, a verdade é que precisava ter operado. Ele ainda sente dores, e o osso calcificou super estranho, quando ele levanta o braço, é como se o ombro tivesse um osso no meio que levanta, espetado. No início eu quase desmaiava de nervoso.


E aí depois veio meu aperto. Imagina eu sozinha para arrumar a mudança, resolver tudo sozinha nos últimos dias, além de cuidar dele. E o mais engraçado, que a gente ria horrores, era de imaginar como ir para o aeroporto com 54739 malas, e ele sem braço. Aliás de ir embora cheia de mala e sem braço, eu já tinha experiência, né. O jeito foi apelar para a boa vontade dos amigos. Um ia me ajudar arrumar uma mala, o outro me ajudava na faxina final do apto, e outros dois anjos foram nos levar no aeroporto para nos ajudar com a malaiada. Perrengue total.


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