Um passeio pelo interior do Egito
- Michelle Bastos
- 20 de mai. de 2016
- 3 min de leitura

O vale fértil do Nilo é habitado há mais de 10 mil anos. Longe do caos do Cairo, sua população manteve o mesmo estilo de vida de seus ancestrais. E por sempre ouvir esse relato do Sedik, no dia em que fomos a Fayoum, decidimos pegar uma estrada um pouco mais longa, para eu que eu pudesse ver de perto a vida no interior do país.

Começamos o passeio por Memphis, a primeira capital egípcia no tempo dos faraós, datada de 3000 A.C.. Acredita-se que o nome ocidental ‘Egito’ (já que o nome do país em egípcio é Masr), veio do templo que existia lá Hut-ka-Ptah, na qual foi traduzido para o grego como Aί γυ πτoς (E-gy-ptos).
Pouco restou da antiga cidade. A principal atração é uma estátua de Ramsés II deitado. Entretanto, como passamos por lá muito cedo, o museu ainda estava fechado e decidimos não esperar. Era horário do início das aulas, e a rua estava lotada, pais levavam os filhos para a escola de burro.


Continuamos, passamos pelo complexo de Sakara que abriga várias pirâmides, entretanto, não entramos, pois já fizemos a visita no ano anterior.
A partir dali, adentramos a área rural do Egito. Lembrando que a maior parte da terra do país é improdutiva, o delta no Nilo é a única região fértil e toda a agricultura de subsistência bem como algodão vem dali. Nos dias atuais, não acontece mais as cheias do rio como antigamente. A civilização adquiriu meios de controlar as águas através de barragens e da irrigação dos campos de plantio. Entretanto a lama que vinha junto a inundação, parou de ser espalhada, e essa era extremamente fértil. O que faz com que ela precise ser espalhada manualmente.

Não espere tecnologia ou maquinários modernos. Tudo ainda é feito rudimentarmente. Até a água é distribuída através de um moinho movido a força dos animais ou humanos. Vimos um grupo de homens girando-o para irrigar a terra.
As áreas verdes contrastam com o deserto que os encontra logo ali. As casas que compõe os vilarejos são sempre muito simples, e as mulheres, apesar de possuírem água encanada, preferem lavar as louças às margens do Nilo.


Ou sentar-se no chão na porta das casas para ver a vida passar. Nada de internet, celular e sequer televisão. Não sei se não o têm ou se não aderem a tecnologia.

Ali a vida parece passar calmamente, e as mulheres já ocupam outra posição no âmbito estrutural da família. Diferente dos homens do deserto, os homens do campo, precisam dela. Toda a ajuda para lidar com a plantação é bem-vinda, e elas passam a dividir tarefas e ajudar no sustento da família. Não raro, vemos uma família inteira trabalhando juntos nas terras próprias.



Depois de atravessar diversos vilarejos, campos de plantio, sempre rodeados de muitas tamareiras, chegamos a Pirâmide de Medium, construída pelo último faraó da terceira dinastia.

Ao nos aproximarmos de Fayoum, começam os consecutivos campos de plantio de flores, que são usadas na fabricação de perfumes desde o tempo dos faraós.


Foram 230 quilômetros, nas quais cada um deles foi de reflexão e de vontade de saber mais sobre essas pessoas. Fico me perguntando até que ponto eles têm conhecimento do que está além deles, e até que ponto são fiéis a cultura e prática de seus ancestrais. Muitas vezes, pessoas, podem instigar, ensinar e encantar mais que monumentos e discursos.