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Casa da Anne Frank


Quando eu tinha 12 anos, O Diário de Anne Frank foi o primeiro livro de gente grande que li na minha vida. Não me lembro como cheguei a ele, lembro que foi emprestado da biblioteca da escola. Dali nasceram duas grandes paixões, a leitura e a vontade de conhecer Amsterdã, o cenário do livro.


Ler o que foi escrito por uma garota quase da mesma idade da minha, em situação tão adversa, inserida em um contexto completamente diferente do meu, foi instigante e de certa forma perturbador. Jamais me esqueci desse livro. Talvez, se o tivesse lido mais velha, já calejada das verdades da vida, não teria tocado tanto. Mas na inocência de menina, as palavras de Anne Frank marcaram a minha memória.

Obviamente, a este ponto eu nem sonhava que era possível visitar mais do que a cidade que ela morou, era também possível visitar o esconderijo da família dela. Fui descobrir, anos mais tarde, que era possível, e desde então alimentava a certeza de que um dia iria lá. Acho que não estou sozinha nesse anseio, já que a Casa de Anne Frank é uma das atrações mais visitadas de Amsterdã.

Para quem não conhece a história, Anne era de uma família judia e após escaparem da Alemanha por causa da perseguição aos judeus, se estabeleceram em Amsterdã. Entretanto, alguns anos mais tarde, a perseguição aos judeus atingiu o país, e foi tarde demais para que pudessem fugir. Assim, decidiram esconder-se em um anexo no prédio da empresa que o pai de Anne trabalhava. Duas famílias foram para o esconderijo, que tinha acesso atrás de uma estante removível.

Os funcionários do escritório, únicos a saber, era quem os ajudava com suprimentos e comida. Durante todo o dia as sete pessoas lá abrigadas, não podiam fazer qualquer barulho, utilizar água, descarga ou acender luzes. Durante mais de dois anos permaneceram ali, na dúvida se seriam capazes de se esconder até a guerra acabar. Não foram. Através de uma denúncia até então de origem desconhecida, foram presos e levados aos campos de concentração nazistas. O único sobrevivente foi o pai de Anne, Otto Frank.


Ao retornar dos campos de concentração, Otto recebeu de Miep uma das funcionárias do escritório, o diário que Anne escrevia durante o tempo que ficaram confinados. O pai, decidiu então tornar realidade o sonho da filha, que era ser escritora. Publicou uma compilação dos manuscritos da filha no livro O diário de Anne Frank. O livro se tornou um clássico da literatura, traduzido em diversas línguas.


Após um tempo, decidiram transformar o esconderijo em museu, e é dele que estamos falando. Localizado na Prinsengracht, acredite, será fácil reconhece-lo pela fila na porta. Sempre gigantes mas compensadoras. Devo ter ficado no mínimo uns 50 minutos na fila, no frio e no vento. Se você quiser evita-la, pode comprar o ingresso online antecipadamente por 9 euros.


Aberto diariamente de 9h às 15:30h, não se pode fotografar lá dentro, portanto as fotos usadas aqui são do site oficial.


O museu conta com diversos recursos áudio visuais que contam a história não só de Anne mas da Segunda Guerra Mundial e da perseguição aos judeus. Você pode assistir a diversos depoimentos em vídeo do pai de Anne, e de Miep, que o ajudou a manter o esconderijo. É possível escolher o áudio em português em alguns deles. No mais são em inglês.


É possível visitar o antigo escritório da empresa de Otto, e depois chegar a icônica estante de livros que dá acesso ao anexo. Você pode percorrer todos os cômodos do esconderijo que já não mais possui os móveis, mas tem sempre fotos de uma ambientação feita de como ele era na época. A cada pequena parte, uma citação de Anne no livro correspondente àquele local. É possível ver no quarto dela e da irmã os recortes de revista que colavam nas paredes para decorar, na parede da sala, a marcação que faziam na parede da altura das crianças, e ainda está lá um jogo de tabuleiro que Anne conta que o Peter (outro garoto no abrigo) ganhou de aniversário e costumavam jogar.

Quando dizemos o diário, nos referimos muito mais ao hábito de transcrever as páginas de um caderno os acontecimentos diários do que um caderninho de capinha fofa e chavinha. Anne escrevia no que encontrasse, cadernos ou folhas soltas. Alguns manuscritos estão expostos no museu; letrinha ainda de criança que expressavam assuntos e preocupações de gente grande.


De todos os depoimentos de Otto, o que mais me marcou é o que ele diz que quando enfim decidiu ler o que Anne escrevia, ele descobriu que não conhecia de verdade a filha. E que assim como a maioria dos pais, pensava que sim. Ela discorria sobre assuntos e tinha opiniões que jamais expressou a família. E que os pais não deixem isso acontecer, para que procurem saber e se interessem pelo que os filhos pensam e quem realmente são. Lindo, né?


Ainda temos acesso as fichas de inscrição de cada um deles pelos nazistas e onde morreram.

O museu possui um café, internet grátis e uma loja na qual é possível comprar o livro em diversas línguas. Entretanto, se está planejando uma viagem para lá, ainda dá tempo de ler antes de ir. Tenho certeza que isso transformará sua experiência!

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